Nos dias que correm, do ponto de vista intelectual, dominar apenas as competências inerentes à leitura e à escrita é deixar por descobrir todo um novo mundo que é facultado pelo avanço tecnológico e que está ao alcance da sociedade moderna. Assim sendo, também as escolas têm de estar preparadas para o constante avanço tecnológico, de modo a poder alcançar com maior sucesso os seus principais destinatários: os alunos. Uma vez que o conceito da construção do conhecimento deixou de estar assente apenas na escola e passou a centrar-se nas novas Tecnologias da Informação e Comunicação, atualmente, o professor tem de estar consciente de que os alunos preferem as tecnologias informáticas em detrimento dos métodos tradicionais de ensino e, por isso, estes têm que ser adaptados, aglomerando os recursos tecnológicos e digitais.
Consequentemente, as BE têm de abrir caminho para os novos modelos de aquisição de conhecimentos, pois cabe-lhes ser o portal de ligação da escola com o mundo permeado de tecnologia (Furtado, 2009, p.137).
Atualmente, essa mesma tecnologia passa pela exploração dos recursos disponibilizados pela Web 2.0 ao serviço da denominada Biblioteca 2.0 que, segundo Maness (2006, citado por Furtado 2009), deve basear-se em quatro conceitos essenciais: centrar-se no utilizador, ser uma experiência multimédia, ser socialmente rica e comunitariamente inovadora. Naturalmente, estes conceitos promovem a estipulação de grandes mudanças no paradigma da biblioteca e nas funções do professor bibliotecário.
Assim, a BE moderna deverá deixar de ser um local onde apenas se encontram livros e materiais didáticos relacionados com os conteúdos escolares e dispor de recursos tecnológicos diversificados que proporcionem ao aluno a aquisição de conhecimentos, através de meios distintos e de acordo com as suas necessidades. Furtado (2009, p.140) acredita que utilizando as ferramentas da Web 2.0 a biblioteca da escola se aproximará do cotidiano dos seus utilizadores, pois, não se pode negar a ubiquidade do computador e da Internet na vida das pessoas, em especial das crianças e jovens.
Para Maness (2007, p. 49) a biblioteca 2.0, é então um lugar onde alguém pode não apenas procurar por livros e revistas, mas interagir com uma comunidade, com um bibliotecário, e compartilhar conhecimento e entendimento com eles. Assim, no que concerne ao papel do professor bibliotecário e do utilizador, considera-se que este último desempenha um papel central e mais ativo, podendo também editar e criar conteúdos para os outros utilizadores. O primeiro deve ser uma entidade facilitadora dessa tarefa e deverá perceber que o utilizador não age apenas como mero indivíduo, mas como membro de uma comunidade ativa e participtiva.
Efetivamente, as BE têm ainda um árduo trabalho a fazer, no sentido de se tornarem “verdadeiras” bibliotecas 2.0, explorando os recursos que deverão fazer delas instrumentos atuais de cultura, de aprendizagem e, sobretudo, de inovação. Nos dias de hoje, ter bibliotecas dotadas de um bom espólio de livros está longe de ser suficiente para atrair os seus utilizadores, tornando-as fastidiosas e pouco atrativas aos olhos dos alunos, pois a biblioteca 2.0, de acordo com Maness (2007, p. 49) resulta da fusão da biblioteca tradicional com os serviços inovadores da Web 2.0. Ela é uma biblioteca para o século 21, rica em conteúdo, interatividade e atividade social.
Face ao constante e rápido desenvolvimento tecnológico e, atendendo às questões económicas, nem sempre deve ser fácil os professores bibliotecários estarem atualizados ou disponibilizarem diversificadas ferramentas tecnológicas para os seus utilizadores, até porque o mercado tecnológico está em permanente expansão e mudança e os seus recursos rapidamente passam de modernos a obsoletos. Todavia, muito tem sido feito nos últimos anos, principalmente ao nível da consciencialização e a maioria dos professores bibliotecários tem desempenhado um papel fulcral na modernização e na revitalização das BE, mostrando abertura à inclusão das novas tecnologias da educação e vontade de se atualizar em virtude destas. Acima de tudo, os professores bibliotecários têm intenção de fazer mais e melhor, pois entendem que a BE é um local propício à aprendizagem e à construção do conhecimento e percebem que esta deve estar ao alcance de todos os alunos, sendo inquestionável a importância de disponibilização dos recursos tecnológicos atuais, necessários à construção do saber, do conhecimento e da aprendizagem.
Referências bibliográficas:
Furtado, C. (2009). Bibliotecas Escolares e Web 2.0: Revisão da Literatura sobre Brasil e Portugal, Em Questão: Revista de Biblioteconomia & Comunicação, v.15, jul./ dez., 35-150, Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS, Porto Alegre.
Maness, J. (2007). Teoria da Biblioteca 2.0: Web 2.0 e suas implicações para as bibliotecas, Informação & Sociedade: estudos, v.17, n.1, jan./abr., 43-51, João Pessoa, Universidade Federal da Paraíba
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